Em 1660, a Companhia de Jesus fez a seguinte oferta à Coroa espanhola: cada índio entre os 18 e os 50 anos passaria a pagar uma quantia mínima anual de imposto, guerreiros ficariam à disposição da autoridade branca (sabiam manejar armas de fogo desde 1641) e seriam cedidos operários para trabalhar em obras públicas nos povoados espanhóis. A boa condução política, por parte dos padres, resultou quatro anos mais tarde em isenção fiscal para os guaranis. Eles puderam exportar seus excedentes de erva-mate, sem pagar imposto de circulação, até o limite de 180 toneladas por ano.
Essa conquista dos povos missioneiros dá uma ideia da importância da erva-mate na vida dos guaranis.
Era deles a erva chamada caamini (pura folha), que alcançava o dobro do preço em todos os mercados, em detrimento da erva comum, com paus, produzida por comerciantes brancos. No começo, os padres não eram favoráveis ao consumo da erva, incluída nos rituais pagãos. Um jesuíta do Peru, Francisco Díaz, escreveu: “... Tem se espalhado tanto esse asqueroso sumo, que tem chegado à Corte e a muitas cidades da América e Europa. (...) O demônio, por meio de algum feiticeiro, inventou-a”.
Invenção dos índios, o chimarrão chegou a ser condenado pelos padres jesuítas. “O demônio, por meio de algum feiticeiro, inventou-a”, diziam da erva-mate.
Aos poucos, porém, os padres passaram a incentivar o seu uso, ao notar que o chimarrão diminuía o consumo de bebidas alcoólicas, como a chicha e o garapo. Por fim, partiram para a implantação de ervais nas próprias reduções. É que os locais naturais de colheita ficavam muito distantes, e o deslocamento de grande número de índios para a tarefa perturbava a rotina dos povoados.
Fizeram muitas experiências para a eclosão de sementes. Uma delas consistia em alimentar aves em cativeiro, recolhendo os dejetos e semeando os grãos já livres da casca. Os primeiros ervais foram implantados em 1707, e a primeira colheita se deu dez anos depois. Não apenas nos Sete Povos, mas em toda a região missioneira, a produção de erva-mate representava mais da metade da produção – o restante era dividido entre algodão, fumo, couros e açúcar.
FONTE
História Ilustrada do Rio Grande do Sul – Zero Hora
1998
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