HISTORIADOR FÁBIO KÜHN
Apesar de a ocupação dos Campos de Viamão ser mais antiga, tratava-se de um empreendimento em grande parte realizado por particulares, preocupados mais em ganhar dinheiro com o comércio e a criação de gado do que propriamente em representar o papel de defensores dos interesses portugueses na região (embora alguns desses primeiros povoadores também tenham sido militares que sem dúvida serviram aos interesses da Coroa portuguesa).
Nesse sentido é que se deve compreender a fundação do Presídio e da povoação de Rio Grande, situada estrategicamente no canal de entrada da lagoa dos Patos, cujo controle dava acesso ao interior do Continente.
A fundação de Rio Grande não estava vinculada somente à necessidade de apoiar a Colônia de Sacramento, tratava-se, na verdade, de um plano já discutindo e preparado há algum tempo entre as autoridades coloniais e metropolitanas. Sob essa ótica é que se deve compreender a expedição de João de Magalhães, enviado ao Rio Grande em 1725.
O capitão-mor de Laguna financiou a expedição, que tinha como um dos seus objetivos principais garantir a permanência do fluxo de gado que vinha dos territórios espanhóis. Este é um bom exemplo da colaboração prestada pelos poderes locais da colônia às autoridades da Metrópole, que ainda não visava assegurar efetivamente o território, mas materializar a presença e o interesse português pelo Continente.
A efetiva ocupação da região do canal se deu na conjuntura de guerra entre portugueses e espanhóis, que, na região do Prata, se concentrava na Colônia de Sacramento. Uma expedição enviada pela Coroa, destinada a ocupar a região de Montevidéu, acabou ocupando as duas margens da barra do Rio Grande no início de 1737, sob o comando do brigadeiro Silva Paes. Por ser uma região em disputa, Portugal utilizou uma forma híbrida de colonização em Rio Grande: ao mesmo tempo que era uma fortaleza militar, era também uma colônia de povoamento. Em 1751, a povoação seria elevada à categoria de Vila, com a instalação de uma Câmara e a institucionalização do domínio político lusitano.
A fundação de Rio Grande contou com diferentes tipos de povoadores, além dos militares que serviam no Presídio. Dentre os povoadores indígenas, destacam-se dois continentes principais, um composto por índios aldeados enviados de São Paulo e outro, pelos tapes (guaranis) missioneiros. Nesse primeiro momento, não ocorreu uma aproximação maior com os minuanos, que permaneceram totalmente fora do controle dos portugueses.
Quanto aos contingentes de povoadores brancos, destacaram-se os espanhóis (tropeiros e peões), além de moradores civis da Colônia de Sacramento e gente do Rio de Janeiro. Diferentemente dos Campos de Viamão, em Rio Grande não existiu uma corrente de povoamento lagunense, já que, a essa altura (1738), a vila de Laguna não contava com um excedente populacional disponível. A final, boa parte de seus moradores tinha se transferido para os campos sulinos.
FONTES
Breve História do Rio Grande do Sul - Fábio Kühn
História Ilustrada do Rio Grande do Sul - jornal Zero Hora/RS
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