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QUANDO GRAMADO NASCIA


Lothar Francisco Hessel

A projeção do atual Gramado estende-se hoje por todo o Brasil e mesmo além de suas fronteiras, graças às projeções em tela que periodicamente, em seus festivais, fazem silenciar expectadores, críticos e jornalistas especializados, fascinados que ficam pelos achados artísticos da chamada sétima arte. 

Nem sempre foi assim. Um belga intelectual, que conheceu Gramado ainda em gatinhas, em janeiro de 1977 assim depôs: 
  

A atual cidade em que o Hotel das Hortênsias do alto de sua colina domina a paisagem, eu a conheci em 1920. Naqueles tempos nenhuma casa da localidade estava coberta de telhas, quer de zinco, quer de ardósia ou mesmo de madeira. Por toda a parte, sem uma única exceção, tetos de palha. 

O trem não ia além: Canela era ainda uma floresta que João Correia estava começando a abater. A cascata do Caracol emoldurava-se nuns pinheirais que tornava sua visão inesquecível. Vi tudo isso numa das minhas primeiras excursões após minha chegada ao Brasil. A estrada naquelas alturas ainda não se bifurcava como hoje, para atingir Canela. 
   
Histórica Estação Férrea de Canela foi revitalizada e será um
dos pontos turísticos da cidade. Foto: Arquivo.
Certo dia, durante o café da manhã, no “hotel” de Gramado, o único do lugarejo, chispas da chaminé, caindo sobre a palha do teto, tentaram incendiar todo o prédio: que luta de heróis, a nossa e a das demais pessoas, para extinguir esse fogo, à força de baldes de água, passados de mão em mão, em cadeia, para dominar o fogo! 

Felizmente havia à mesa do café numerosos jovens e de muito vigor! 

Tempos heróicos aqueles que, lamentavelmente, nenhuma câmara de cinema documentou! 

Fixaram-se, contudo, as retinas e os neurônios desse belga – René Ledoux – que alguns anos mais tarde se tornaria o primeiro professor catedrático de Francês em nossa Universidade de Porto Alegre, hoje Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A ele, um de meus mestres-amigos, devo estas linhas históricas de uma realidade física e humana que raros gramadenses de hoje terão visto em toda a sua beleza e rusticidade. 


FONTES
FLORES, Hilda A. Hübner – RS Século XX em retrospectiva – Círculo de Pesquisas Literárias – CIPEL





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