Fonte: Acervo Iconográfico do ICJMC
Colégio em Phillipson, 1929. |
SÉCULO XIX
FÁBIO KÜHN
A partir do século XIX, encontram-se registros da presença judaica no Rio Grande do Sul, embora, na sua maioria, fossem casos isolados. Somente a partir de 1904 teve início a emigração organizada para o Sul do Brasil. Os primeiros imigrantes vieram do Império russo e fugiam das perseguições políticas, religiosas e econômicas promovidas pelos governantes e pelas classes dominantes daquele país. É bom lembrar que, no início do século XX, começava a crescer na Europa o antissionismo, atitude que levava à discriminação e à perseguição dos judeus. Para complicar ainda mais a situação, os judeus viviam espalhados em vários países e ainda não tinham seu próprio Estado nacional, o que somente se concretizou depois da Segunda Guerra Mundial e do trauma gerado pelo genocídio nazista. Na história da imigração judaica para o Rio Grande do Sul podemos identificar ao menos três grupos distintos.
O primeiro localizou-se nas proximidades do atual município de Santa Maria, na chamada Colônia Philippson. No total, foram assentadas 55 famílias em lotes comprados pela Jewish Colonization Association. Nem todos os imigrantes eram provenientes do meio rural, embora tenham se adaptado às novas atividades. Mas alguns, assim que começaram a acumular alguma riqueza, abandonaram a atividade agrária e mudaram-se para Porto Alegre. Nessa cidade, estabeleceram seus negócios e residências em uma área que na época era pouco valorizada, hoje conhecida como o bairro Bonfim. Um outro grupo de judeus russos foi assentado no distrito de Quatro Irmãos, próximo à cidade de Erechim, quase na mesma época que o grupo anterior. Passaram pelas mesmas dificuldades iniciais, mas os negócios com a extração da madeira na região possibilitaram a ascensão social de algumas famílias, como os Ioschpe e os Sirostky.
A acumulação de capital foi a base para a construção de bem sucedidos empreendimentos, tanto no setor financeiro quanto no setor das comunicações, no qual hoje tem relevo a família Sirostky, proprietária de um dos mais poderosos grupos empresariais gaúchos. Enfim, havia também um terceiro grupo, que migrou da Europa Mediterrânica e chegou ao Rio Grande do Sul mais por iniciativas individuais do que por companhias de migração. Na sua maioria, estabeleceram-se em cidades (principalmente Porto Alegre), como pequenos comerciantes.
Devido à sua origem geográfica, são conhecidos como judeus “sefaradins”, distintos dos anteriores, originários da Europa Oriental, conhecidos como judeus “asquenazins”. Existem algumas diferenças culturais entre esses dois grupos (como as línguas distintas que falavam), o que tornou a aproximação entre eles por vezes complicada, embora, em geral, as comunidades judaicas se caracterizem por sua coesão.
KÜHN, Fábio. BREVE HISTÓRIA DO RIO GRANDE DO SUL- 2002 – Porto Alegre – Ed. Leitura XXI
https://www.apusm.com.br/2014/09/fazenda-phillipson-os-114-anos-da-imigracao-judaica-em-santa-maria/
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