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A DECADÊNCIA DAS #CHARQUEADAS


AS CHARQUEADAS DE SÃO JERÔNIMO

A primeira riqueza de São Jerônimo sempre caminhou sobre as terras que mais tarde foram exploradas pelas companhias mineradoras. Antes do carvão, o gado movimentava a pequena vila (hoje Charqueadas) da margem direita do Rio Jacuí. Localizada em plena Depressão Central, zona que divide o Estado em Serra e Campanha, o município sempre foi um caminho preferido pelos gaúchos e paulistas que conduziam rebanhos para o norte do país. Em 1831, a pequena povoação era conhecida como Passo das Tropas. Consequência natural desta movimentação, estâncias de criação, como a Fazenda Flor do Conde, multiplicavam cabeças de bois, mulas, cavalos e ovelhas que eram trazidas da Vacaria do Mar e das Missões. Dez anos antes, o naturalista francês August de Saint-Hilaire, em sua Viagem ao Rio Grande do Sul, deslumbrou-se com o grande número de charqueadas que funcionavam nos arredores do Jacuí. "Com a descoberta do carvão, a pecuária ficou em segundo plano", relembra hoje o professor de história Willibaldo Presch.


ESTÂNCIAS CEDEM ESPAÇO À RIQUEZA ESCONDIDA NO CHÃO

As ruas não pavimentadas da periferia de São Jerônimo são cobertas de um pó preto. Desde o início do século 19, carvão é o que não falta para compor esse cenário. Reunindo as maiores reservas do "tesouro negro" do Rio Grande do Sul, a cidade e os municípios da região nasceram e se desenvolveram em torno do que sai de mais de 100 metros de profundidade. Várias gerações de mineiros cresceram graças ao trabalho nos túneis, poços e galerias. Morreram pelo mesmo motivo. "A gente estava sempre perto do perigo, que podia vir de qualquer lado", conta o ex-mineiro Florinaldo Ferreira da Silva, 83 anos. A descoberta da primeira jazida de carvão é discutida até hoje. Uma corrente atribui a façanha a um anônimo ferreiro do exército português. Ele teria encontrado as primeiras pedras por volta de 1792, no sítio do Curral Alto, terras que hoje pertencem ao município de Butiá. 


Outra versão aponta Joaquim José da Fonseca Souza Pinto como o pioneiro. Em 1807, ele enviou três sacos do carvão ao Rio de Janeiro. De 1848, quando a Assembleia Provincial aprovou a primeira verba para estudos, até 1950, década em que se inciou a decadência, o carvão foi o eldorado da vila que trocou estancieiros de gado e charqueadores pelas companhias mineradoras. Mas trabalhar a 130 metros de profundidade era tarefa de risco, com jornadas que duravam de oito a 24 horas. "Tinha dia que um ou dois mortos subiam pelos poços", lembra Florinaldo Ferreira da Silva, que ganhou a vida sob a terra dos 16 aos 17 anos. 

Em meados de 1930, um carrinho carregado o arrastou ladeira abaixo. O acidente foi o fim de sua carreira. "Até hoje, o carvão está na minha cara", diz o aposentado ao mostrar uma mancha preta que cobre parte do lado direito do rosto. 

FONTE: Jornal Zero Hora, 4 de dezembro de 1996.

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