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A PENÍNSULA
SE IMPÕE
COMO CAPITAL
O Porto de
Viamão virou Alegre sem querer. No Rio Grande do Sul pós-Tratado de Madrid
(1750), a ameaça de invasão tirava o sono dos portugueses, que procuravam
desenhar de uma vez por todas o mapa de seus domínios.
Para isso,
precisava de uma capital. Desde 1763, a vila de Rio Grande não servia mais. Havia
sido tomada pelos espanhóis. Era preciso buscar um povoado que pudesse ser
defendido – ou melhor, inatingível. A saída do sul foi voltar-se para o norte.
Navegando pela Lagoa dos Patos, a capital acabou parando em Viamão, onde
permaneceu por uma década. Um canetaço do governador José Marcelino de
Figueiredo transferiu a sede da Capitânia de São Pedro do Rio Grande do Sul
para uma terra-de-quase-ninguém em 1772. Fundado 20 anos antes para abrigar os
casais que chegavam dos Açores e da Ilha da Madeira para colonizar a região, o
Porto de Viamão, ou Porto dos Casais, foi escolhido pela posição estratégica.
Em meados do século 18, a capital não passava de um atracadouro em propriedade
alheia.
Além dos
imigrantes que foram logo se fixando na Rua da Praia, o povoado se resumia às
sesmarias de Jerônimo de Ornelas de Menezes e Vasconcelos, Sebastião Francisco
Chaves e Dionísio Rodrigues Mendes. “Porto Alegre nasceu espontaneamente,
sintetiza Sérgio da Costa Franco, presidente do Instituto Histórico e
Geográfico do Rio Grande do Sul.
Da noite
para o dia, virou Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais. No ano
seguinte, Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre. Quase sem casas e
população, a cidade de todos os gaúchos transformou-se na localidade mais
importante do Sul do Brasil sem ao menos ser oficialmente uma vila. Somente em
1810, o erro foi corrigido.
Os
portugueses tinham coisas muito mais importantes com o que se preocupar. Um dos
primeiros atos do governador foi proteger a península. Por sua posição
estratégica, era quase impossível um ataque pelo estuário do Guaíba. Em terra,
entretanto, a situação era bem diferente. Engargalada no conhecido funil que
formou o centro da cidade, o povoado era vulnerável pelo flanco leste.
Para evitar
a invasão da nova capital, Figueiredo autorizou a construção de fortificações.
As obras se estenderam de 1773 a 78 e formaram uma trincheira na fronteira seca
da vila. Na metade do caminho, em um largo próximo à Santa Casa de Misericórdia,
um portão controlava a entrada e saída dos moradores e forasteiros.
Muito
barulho por nada. A tomada de Porto Alegre não foi concretizada pelos
espanhóis. Meio século depois, os próprios gaúchos cuidaram da tarefa se sequer
aranhar os muros da cidade. Em 20 de setembro de 1835, os farrapos atacaram por
água a península protegida.
Menos de um
ano mais tarde, as tropas imperiais voltavam a mandar no município. Em pouco
tempo, as fortificações seriam ampliadas e ganhariam um novo significado até serem
demolidas em 1840.
“A cidade de
Porto Alegre, cercada por um cinturão de trincheiras, com canhões de fortaleza
encaixados nelas, espaçadamente, já dava naquela época uma aspecto mais marcial
do que Alegre”, escreveu em suas memórias o imigrante alemão Johann Carl
Dreher.
FONTE
JORNAL ZERO
HORA 4 de dezembro de 1996.
The Port of Viamão turned Alegre by accident. In Rio Grande do Sul after the Madrid Treaty (1750), the threat of invasion took the sleep of the Portuguese, who tried to draw the map of their domains once and for all.
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ResponderExcluirVou descobrir os links corretos e dar os créditos.
ExcluirPeguei no google imagens.
ExcluirEngraçado é que não encontrei as fotos neste blog. Pode ajudar com os links corretos? Para que possa dar os créditos.
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