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Mineração do Carvão - Entrevistas


Nomes: Antônio Carlos Pinheiro Peixoto Filho, Valéria dos Santos Odorcik
Professor: Edimilson
Turma: NA
Disciplina: História
Data: 14/04/11
Introdução
O trabalho a seguir apresentado, é uma pesquisa que visa colher dados sobre as atividades de mineração do Poço da Octávio Reis de Charqueadas/RS, o conteúdo descrito foi obtido através de entrevistas de alguns trabalhadores da época. O foco das indagações deteve-se na localização, condições de trabalho, como o carvão era transportado, lembranças marcantes, greves, bem como acidentes ocorridos durante as atividades.
A seguir anexamos cópias de fotografias tiradas no interior do Poço e de equipamentos usados pelos trabalhadores, logo após as entrevistas realizadas com os ex-empregados, acompanhadas de fotografias, são eles, Valdelírio Gonçalves de Souza, Sidnei Gonçalves de Souza e Luís Castro Gaiga Ariza. Apresentamos ainda a letra de uma música feita em homenagem aos mineiros e por fim, a conclusão.
Entrevista sobre a mineração do carvão em Charqueadas/RS com o ex-mineiro Valdelírio Gonçalves de Souza no dia 31/03/2011.
1 – Em 1882, a companhia mineradora comprou terras e transferiu a via férrea e o porto de embarque para Charqueadas, (...) Em quais lugares de charqueadas foram construídos um lavador, uma fábrica de “briquettes” e um estaleiro? O que sabe sobre esta época?
“O lavador e o estaleiro foram construídos dentro do quadro da Copelmi, na beira do rio Jacuí.” (entrevistado diz não saber onde se localizava a fábrica de “briquettes”).
2 – O carvão, extraído em arroio dos ratos, era transportado até Charqueadas em trens. Por quais ruas passavam os trilhos do trem?
“Pela Rua Ruí Barbosa indo até a Copelmi. Existia também uma linha férrea que ligava a Copelmi aos municípios de São Jerôrimo e Minas do Butiá passando pela Avenida José Atanásio, cuja estação situava-se nas proximidades das dependências da Loja Certel.”
3 – Depois em Charqueadas o carvão era embarcado em chatas puxadas por rebocadores e transportado até Porto Alegre e Rio Grande. Onde ficava este primeiro Embarcadouro? O senhor lembra-se do nome das chatas?
“O primeiro embarcadouro ficava dentro do quadro da Copelmi, na beira do rio Jacuí. Não me recordo de nenhum nome de alguma chata.”
4 – Em 1954 foi iniciada a abertura e montagem do Poço da Octávio Reis. O senhor tem alguma lembrança do Poço da Octávio Reis?
“Nessa época eu era novo ainda, a lembrança que eu tenho mesmo desta época é que o meu pai trabalhava lá e eu ia levar comida para ele.”
5 – O senhor esteve, ou lembra-se de algum acidente na mina? Pode contar?
“Sofri um acidente na mina uma vez, eu estava empurrando o carro e uma pedra caiu em cima do meu dedo indicador da mão direta, ao qual teve de ser amputada a ponta em 1967.”
6 – O senhor participou de alguma greve? Lembra de alguma? Quem eram os principais lideres do sindicato?
“Participei de muitas greves por salário, O principal líder era o Aldo Moreira (Baratão).”
Entrevista sobre a mineração do carvão em Charqueadas/RS com o ex-mineiro Sidnei Gonçalves de Souza no dia 08/04/2011.
1 – Em 1882, a companhia mineradora comprou terras e transferiu a via férrea e o porto de embarque para Charqueadas, (...) Em quais lugares de charqueadas foram construídos um lavador, uma fábrica de “briquettes” e um estaleiro? O que sabe sobre esta época?
“O lavador e o estaleiro foram construídos dentro do quadro da Copelmi, na beira do rio Jacuí.” (entrevistado diz não saber onde se localizava a fábrica de “briquettes”).
2 – O carvão, extraído em arroio dos ratos, era transportado até Charqueadas em trens. Por quais ruas passavam os trilhos do trem?
“Pela Rua Ruí Barbosa indo até a Copelmi.”
3 – Depois em Charqueadas o carvão era embarcado em chatas puxadas por rebocadores e transportado até Porto Alegre e Rio Grande. Onde ficava este primeiro Embarcadouro? O senhor lembra-se do nome das chatas?
“O primeiro embarcadouro ficava dentro do quadro da Copelmi, na beira do rio Jacuí.” O entrevistado lembra-se que havia uma chata cujo nome era Havaí.
4 – Em 1954 foi iniciada a abertura e montagem do Poço da Octávio Reis. O senhor tem alguma lembrança do Poço da Octávio Reis?
As lembranças que mais marcaram o entrevistado no Poço da Octávio Reis foram à ocorrência de vários acidentes, incluindo seus colegas de turno.
5 – O senhor esteve, ou lembra-se de algum acidente na mina? Pode contar?
Contou o inquirido que certo dia seu colega de trabalho Udovico foi vítima de um choque elétrico de voltagem 440 volts culminado com o falecimento do mesmo. Contou ainda, que Elemara Rodriguez da silva (Boca) morreu pressionado em uma correia transportadora de carvão. Outro acidente que também restou gravado na memória do entrevistado, foi o caso do companheiro conhecido como Beto o qual faleceu em um caimento de terra. E por fim, citou ainda o acidente que vitimou três empregados quando rompeu o cabo do elevador, chamado de gaiola.
6 – O senhor participou de alguma greve? Lembra de alguma? Quem eram os principais lideres do sindicato?
O entrevistado relatou ter participado de no mínimo três greves, visando aumento salarial. Nesta época, os principais lideres do sindicato foram o Senhor Aldo Moreira e o maquinista João José Guedes.
Entrevista sobre a mineração do carvão em Charqueadas/RS com o ex-mineiro Luís Castro Gaiga Ariza no dia 09/04/2011.
1 – Em 1882, a companhia mineradora comprou terras e transferiu a via férrea e o porto de embarque para Charqueadas, (...) Em quais lugares de charqueadas foram construídos um lavador, uma fábrica de “briquettes” e um estaleiro? O que sabe sobre esta época?
“O lavador e o estaleiro foram construídos dentro do quadro da Copelmi, na beira do rio Jacuí.” (entrevistado diz não saber onde se localizava a fábrica de “briquettes”).
2 – O carvão, extraído em arroio dos ratos, era transportado até Charqueadas em trens. Por quais ruas passavam os trilhos do trem?
“Salgado Filho, Ruí Barbosa, Distrito Federal, indo até o Porto da Copelmi na Rua Beira Rio, os trilho que iam até São Jerônimo passavam pela José Atanásio onde havia um atalho, um pontilhão, onde atualmente é a Igreja Cristo Rei, que era onde as pessoas passavam.”
3 – Depois em Charqueadas o carvão era embarcado em chatas puxadas por rebocadores e transportado até Porto Alegre e Rio Grande. Onde ficava este primeiro Embarcadouro? O senhor lembra-se do nome das chatas?
“O primeiro embarcadouro ficava no Porto da Copelmi na Rua Beira Rio.” o entrevistado diz não se lembrar do nome das chatas.
4 – Em 1954 foi iniciada a abertura e montagem do Poço da Octávio Reis. O senhor tem alguma lembrança do Poço da Octávio Reis?
Disse o indagado, ter como lembranças marcantes a transmissão feita pela rádio Farroupilha do interior da mina, num programa de orações. Recorda ainda, que as escavações da mina estendiam-se sob o rio Jacuí, motivo pelo qual era pago um imposto ao município de Triunfo.
5 – O senhor esteve, ou lembra-se de algum acidente na mina? Pode contar?
O entrevistado diz lembrar-se do acidente de 12/12/1980, ao qual cinco mineiros morreram por asfixia, também citou o de 20/10/1980, ao qual Elemara Rodriguez da Silva “passou por dentro da prensa, dos rolos”, onde só sobraram braço e a cabeça, espalhando-se vísceras e fezes pelas paredes.
6 – O senhor participou de alguma greve? Lembra de alguma? Quem eram os principais lideres do sindicato?
O entrevistado participou de várias graves, destacando a de 1990, que durou 30 dias, deixando os trabalhadores sem pagamento, sendo os mesmos assistidos pelo sindicato, que lhes fornecia alimentação. Logo após a referida greve, houve o fechamento da mina de carvão de Charqueadas. Quanto aos principais lideres sindicais citou Aldo Moreira (Baratão) e Jorge Brandão disse ainda ter participado como tesoureiro do sindicado a partir de 06/88 até o fechamento.
Homenagem aos mineiros
Não obstante, as agruras da atividade de mineração havia entre eles um músico e poeta chamado Alvino Cabral, que lhes rendeu uma homenagem por volta dos anos 60, com uma música chamada “A vida do mineiro”, a qual foi muito difundida entre eles chegando a fazer verdadeiro sucesso. Cumpre aqui, descrevermos a letra da referida música:
“A vida do Mineiro
Alvino Cabral
Triste vida de um pobre mineiro
Que trabalha com muita tensão
Descendo pro fundo da mina
Sem saber se volta ou não
Botando o pé na gaiola
Já leva uma vela na mão
Deixando a família em casa
Esperando ganhar o pão
Chegando no fundo da mina
Larga a cesta e saí trabalhando
Logo vê o estralo da madeira
É sinal que está recalcando
O coitado como é tarefista
O perigo ele vai enfrentando
Ali mesmo ele fica esmago
Pelas rochas que vem desabando
Na boca do poço um sinal
Anuncia um desastre que deu
O guincheiro puxa devagar
Anunciando o que aconteceu
Tirando de dentro de um carro
O mineiro todo espedaçado
Logo vem a família correndo
Abraçando o seu corpo gelado
No outro dia pelos bares
Só se ouve o dizer dos mineiros
Lamento num aperetivo
Perdemos mais um companheiro
A sua família enlutada
Sentindo a separação
Esta é a vida do mineiro
Que trabalha debaixo do chão.”
Conclusão
Diante das informações extraídas e os depoimentos dos mineiros entrevistados, o poço da Octávio Reis de Charqueadas/RS iniciou suas atividades em 1954 estendendo-se até 1991.
De todos os dados colhidos podemos concluir que o trabalho em minas de carvão é extremamente penoso, que abreviou a morte de muitos chefes de famílias de Charqueadas, em contra partida garantiu a sobrevivência de muitas outras.
A energia produzida pelas usinas termoelétricas, derivada da queima de carvão, está perdendo espaço nos dias de hoje para outras fontes alternativas de energia. Assim sendo, esta atividade de mineração em condições tão insalubres está perdendo a importância que teve em outros tempos. Se valeu a pena tanto trabalho, tanto esforço e tanta poluição, não se sabe, porém cumpriu o seu objetivo das necessidades energéticas da época.

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