As margens do rio Jacuí, na região do município de São Jerônimo, foram testemunhas, na segunda metade do século 18, do surgimento das primeiras charqueadas. Em torno delas, formou-se um núcleo populacional, que viu a economia crescer com a criação de 13 charqueadas próximas ao rio.
O pioneiro dessa atividade foi o capitão Francisco Correia Sarafana, um fazendeiro em Arroio dos Ratos. Mais adiante, o coronel José Manoel de Leão adquiriu terras (provavelmente do capitão Sarafana) dando continuidade à produção saladeiril (nome dado à exploração das charqueadas), mantendo escravos no trabalho de salga da carne. Sabe-se que das 13 charqueadas que existiram no município, quatro pertenceram à família Leão.
A Revolução Farroupilha veio alterar o quadro em São Jerônimo. O coronel, que se tornou comandante da Legião da Guarda Nacional de Triunfo engajou-se na luta e acabou morto em sua fazenda. Os filhos, Francisco José de Leão (Chico Leão) e José Manuel de Leão (Juca Leão) tiveram o mesmo destino e foram assassinados pelo Barão do Jacuí, Francisco Pedro de Abreu, na madrugada do dia 18 de setembro de 1839. Mas Juca Leão já tinha uma herdeira, Maria Antônia Socorro de Leão, que viria a se casar em 1846 com Antônio Joaquim Dorneles e Souza, de família também dedicada ao mesmo ramo. Assim, as charqueadas prosseguiram por muito tempo, escoradas na mão-de-obra escrava, consolidando uma população crescente naquela área e levando para outros pontos o resultado da produçãolocal. Pelo rio Jacuí inúmeros barcos transportavam, até o porto de Rio Grande ou até Porto Alegre, grande quantidade de charque, o sebo e os couros. O rio passou a ser uma grande estrada para transportar mercadorias e pessoas.
Comentários
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário. Agradecemos.