Ana Luiza Jaskulski
Quando a família real veio para o Brasil, em 1808, o rei D. João percebeu a necessidade de povoar e colonizar o Brasil. Por isso, liberou a imigração estrangeira. No inicio do século XIX, as terras de fácil ocupação estavam nas mãos de sesmeiros ou de posseiros. As terras de difícil acesso, como nos sertões e nas florestas, estavam desertas. O governo, então, acaba com as doações ou compras de sesmarias e dá inicio a uma nova fase colonizadora.
Seriam criadas pequenas colônias agrícolas, onde se desenvolveria a classe média para movimentar o mercado interno. Assim, o imigrante povoaria as terras de difícil acesso, aumentaria a população brasileira, serviria de exemplo à sociedade da época, que via o trabalho como atribuição dos escravos, além de diversificar a produção, que era basicamente oriunda da pecuária.
Outro fator que estimulou a permissão da vinda de imigrantes para o país estava relacionado à segurança nacional. Após a independência do Brasil, fazia-se necessário aumentar as tropas do novo exército brasileiro. Por isso, D. Pedro I, seguindo sugestões de sua esposa D. Leopoldina, libera a imigração de alemães para o Brasil.
Aos imigrantes alemães eram prometidos passagem gratuita, lotes de terra (datas), bois, cavalos e ferramentas, de acordo com o número de pessoas de cada família, além de dinheiro para manter-se por um ano e meio. Seriam naturalizados, considerados cidadãos brasileiros, com liberdade de religião, e não pagariam impostos por 10 anos.
A Casa da Feitoria do Linho Cânhamo,
transformada em Casa do Imigrante.
Na Alemanha, muitos desejavam abandonar sua pátria superpovoada e buscar novas oportunidades em outros países, onde pudessem ter um pedaço de terra para produzir, oferecendo um futuro melhor aos seus filhos, com liberdade política e independência econômica. Na Europa, iniciava a explosão industrial, com a valorização dos profissionais técnicos e a produção no campo voltando-se para as matérias-primas. Abandona-se, assim, a agricultura de subsistência, para fornecer lã às indústrias têxteis. Sobra mão de obra não especializada nas cidades, nas quais os salários pagos são baixíssimos. Logo, os alemães veem bons motivos pare emigrar.
A Casa Schmitt-Presser em Hamburgo Velho, um típico representante da arquitetura alemã de enxaimel. |
Os alemães contribuíram na formação dos usos e costumes gaúchos. Na culinária, são da cultura alemã as cucas, defumados, chucrute, salsicha, cerveja, salada de batatas, geleias, chimias, pães caseiros, além do hábito do café colonial, tão apreciado por nós e por turistas.
Na agricultura, introduziram o plantio de centeio, cevada, fumo, batata-inglesa e trigo. Nas danças, trouxeram a polca, a valsa, a mazurca e a rancheira. Tiveram influência também com as festas natalinas (ceia, árvore de Natal, presentes), Kerbs, Festa do Rei do Tiro, Coelho da Páscoa, com o ninho cheio de doces. Nos jogos, são de sua cultura o baralho e o bolão. Além desses usos e costumes, suas casas muito limpas, pintadas, com belos jardins, muitos enfeites e bordados, serviram de modelo para muitos lares gaúchos.
REFERÊNCIAS
Ana Luiza Jaskulski - RIO GRANDE DE SÃO PEDRO
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