Entrevista realizada com ex-mineiro
Aluno: Nicolas Conterato Soares
Turma: 8B/2015
#charqueadas
Enio José Marques dos Santos, mineiro aposentado, começou a trabalhar na Copelmi em 26 de maio de 1970. Segundo ele, o carvão era extraído da mina através de um sistema de transporte mecanizado e correias transportadoras.
Em seguida, era levado por carros de mina (Trolis) até a recebedoria do Poço no subsolo e, então, pelos elevadores (Skips) até a superfície. Parte do carvão era utilizado para abastecer a usina termoelétrica de Charqueadas, enquanto outros eram enviados para a empresa de celulose em Guaíba e para a Usina Termoelétrica de Charqueadas. Além disso, parte do carvão era transportado por estrada para diversos consumidores que o utilizavam para secagem de grãos, folhas, entre outros fins. A mina subterrânea era composta por dois poços principais, com um sistema de ventilação que garantia ar respirável em todas as áreas de trabalho. As frentes de trabalho eram realizadas em galerias, onde eram realizados os serviços de produção. A mina possuía um sistema de escoamento para garantir a segurança das atividades. Os mineiros utilizavam capacetes, lanternas, lampiões, calções e botas de borracha. O Sr. Enio possui um lampião e fotos como relíquias da época.
Dentre as ferramentas utilizadas nas operações, uma das mais importantes era a perfuratriz elétrica, que fazia a perfuração da rocha para o carregamento de explosivos e posterior detonação. Também era utilizado o machado para cortar madeira e construir as galerias. Havia dezenas de quilômetros de galerias subterrâneas na cidade, identificadas por números (1, 2, 3...), algumas passando por baixo do rio Jacuí até o outro lado de Triunfo. Houve diversos acidentes, desde leves até graves e fatais. Dois eventos importantes foram o rompimento do cabo de sustentação do elevador, que causou a queda do mesmo do subsolo para a superfície, resultando na morte de três trabalhadores, e um incêndio de grandes proporções no subsolo, que vitimou cinco trabalhadores.
De modo geral, o salário era razoável, exceto para os trabalhadores da produção, cujos ganhos eram baseados na produção alcançada, podendo ser muito bons. O Sr. Enio nunca participou de uma greve, mas testemunhou várias que paralisaram os trabalhadores por curtos períodos de tempo. A greve mais significativa ocorreu em 1990, com 35 dias de paralisação das atividades de produção do Poço Otavio Reis em Charqueadas.
Por fim, o Sr. Enio autoriza a divulgação da entrevista no blog da escola.
Muito interessante essa postagem, me ajudou muito. :)
ResponderExcluirMuito esclarecedor. Valeu Nicolas. Obrigado e forte abraço ao Senhor Enio Marques. Charqueadas história local e oral. Rio Grande do Sul. Brasil sul. Mineração do carvão.
ResponderExcluirEnio José Marques dos Santos, mineiro aposentado, iniciou a trabalhar na Copelmi no dia 26 de maio de 1970.
ResponderExcluirSegundo ele o carvão saia da mina por um sistema após o desmancho com explosivos da jazida, o carvão saía por um sistema de transporte mecanizado e através de correias transportadoras... http://charqueadashistoria.blogspot.com.br/