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HISTÓRIA DO PERÍODO DAS 13 INDÚSTRIAS DE CHARQUE




Por volta de 1774. O pioneiro na fabricação do charque foi o capitão Francisco Correia Sarafana, um fazendeiro em Arroio dos Ratos. Mais adiante, o coronel José Manoel de Leão adquiriu terras (provavelmente do capitão Sarafana) dando continuidade à produção Saladeiril (nome dado à exploração das charqueadas), mantendo escravos no trabalho de salga da carne. Sabe-se que das 13 charqueadas que existiram no município, quatro pertenceram à família Leão.
         O professor Benedito Veit exibe na capa do seu livro um mapa localizando as charqueadas. “Por que Charqueadas”?  

 Charqueada de número UM

“O nome completo deste charqueador era, Manoel Faustino José Martins. Além da charqueada, ele tinha uma olaria. Era capitão e morava nesta área. Nesta charqueada, mais tarde, será construída a Charqueada Meridional, localizada na margem esquerda do Arroio dos Ratos. No Jacuí tinha uma ilha com o nome de Manoel Faustino, em sua homenagem.”

Ramiro Fortes Barcelos
“A charqueada Meridional foi construída na confluência do Arroio dos Ratos com o rio Jacuí no início do século XX, no local onde anteriormente estava a charqueada do capitão Manoel Faustino. O principal donatário foi F. de Barcelos, associado com o Cel. Júlio Rebelo.”
 “Este estabelecimento já estava abastecido de recursos modernos para o fabrico de charque, graxas e outras matérias primas. Carlos Alfredo Simch afirma que foi em 1906 que o médico e político Ramiro Barcelos fundou e dirigiu a charqueada Meridional, no local onde hoje situa-se a “Colônia Penal”. Houve no local um belo casarão de estilo colonial português, onde o senador chegou a morar algum tempo.”
“Cidislau afirma que as paredes do casarão tinham um metro de grossura e era feito de tijolos, taquaras e barro. Este prédio serviu também de escola por algum tempo, tendo como um dos seus alunos Hipólito Alves dos Santos (73 anos), pai da professora Solange Payhan, professora da Escola Ramiro Barcelos. Por volta de 1979 procurou-se transformar este casarão em Museu das Charqueadas.

 Após a falência do Meridional, passou para um banco, e o resto passou para o Estado. Em 1908, lá foi criado um posto Zootécnico e depois transformado em hospício para insanos. Durante o Estado Novo tornou-se Penitenciária Agrícola e mais tarde Colônia Penal Agrícola Gal. Daltro Filho. ... No início da década de 1970 a Col. Penal Agrícola virou na atual Penitenciária do Jacuí (PEJ).”

Charqueada número 2 de Jerônimo Poeta

 “Provavelmente esta área (logo depois da primeira charqueada) foi adquirida por Francelina Bueno de Paula, que é avó da família Pires. Francelina faleceu com mais de 100 anos, já faz uns 140 anos. Ela portanto, foi testemunha da existência das antigas charqueadas de acordo com Cidislau Antônio Pires. Por lá existiu um velho casarão. Esta charqueada começava com a atual rua Costa e Silva.”


Arvore Genealógica da família Poeta, emprestada pela professora Eliane Poeta, nela consta em primeiro o nome de Jerônimo Poeta, mais adiante da Jornalista da Rede Globo Patrícia Poeta.

Dona Francelina Bueno de Paula com o pai da aluna Márcia. Charqueada número dois. Fotos da aluna Marcia curso normal.


 Charqueada de número 3 de Manoel Leão
“O Cel. José Manoel de Leão é natural de Laguna (SC) tendo se mudado para Triunfo, onde chegou a ser comandante da Legião da Guarda Nacional; eleito vereador por duas vezes, no primeiro quadriênio em 1832 e também na segunda eleição em 1836. Foi fazendeiro e charqueador, no atual município de Charqueadas, morreu na madrugada de 18/09/1839, na sua charqueada, vítima de uma emboscada. Ele é pai de José Joaquim de Campos Leão “Qorpo Santo””.


Entrevistada: Eliane Leão
            A família da professora Eliane Leão veio de Portugal e se espalhou pelo Rio Grande do Sul. As gerações seguintes descenderam também dos bugres. Ela teve 23 tios e todos se criaram no Porto do Conde. A família trabalhava no serviço federal, militar ou eram comerciantes. Seus pais trabalhavam na Copelmi. Ela só teve uma irmã. E todos continuaram morando em Charqueadas, porque nasceram e se criaram aqui.
 Trabalho realizado pelos alunos Cristóvão Belzareno dos Santos Rosa e Daniel dos Santos Pinheiro. Turma 71/2008.

 Com relação a charqueada de número 4 de Juca Leão


“Esta ficava ao lado da charqueada de Manoel Leão, no local onde fica o sítio Figueiras. Tem no local várias figueiras bem antigas. Conforme depoimento do Dr. Fernando Antônio Abreu, existiu um casarão, as margens do Jacuí que se localizava na área da mencionada charqueada. Hoje está área pertence ao Dr. José de Araújo Dornelles. Acredita-se que estes dois irmãos, Manoel e Juca, formaram a antiga chácara Leão, existente nesta área das duas charqueadas geminadas”.





CAPELA DE SANTO ANTÔNIO
Marco Histórico de Charqueadas.


Liandro Lindner
A Capela de Santo Antônio foi construída em 1912, nas proximidades da Penitenciária do Jacuí em Charqueadas. A iniciativa partiu da Sra. Sílvia Dorneles, que arrecadou doações dos moradores da localidade, e o terreno foi doado pelos antigos proprietários daquelas terras, seus parentes.
 O atendimento religioso era feito por padres da paróquia de Santo Amaro (General Câmara). Quando estas visitas aconteciam, o dia era de festa e com missa, batizados e casamentos. Tradicionais também era os festejos em louvor a Santo Antônio, no mês de junho, procedimentos de tríduo, culminavam com grandes festejos populares dedicados ao Santo.
Com o passar dos anos, e a inauguração de outra capela mais central e ampla, (atual Igreja Matriz) a antiga capela de Santo Antônio não resistiu a ação do tempo e começou a ruir.
Segundo nos conta Saldino Pires, autor da Monografia de Charqueadas, “em meados de 1960, Rony Ficher Dorneles, iniciou uma campanha de arrecadação de fundo para reerguê-la. Um ano depois, estava toda reconstruída, voltando a ser frequentada novamente por seus devotos. Poucos anos durou porque se “devoto maior” reconstrutor e zelador, mudou-se para São Jerônimo e a capelinha ficou abandonada, e mais tarde arrombada, saqueada e destruída”. Atualmente, restam algumas paredes e seus grandes e velhos coqueiros, que imponentes assistiram o início da história desta cidade e as transformações que aconteceram desde então.

 “Ficava onde hoje está o sítio Porto Capela do Dr. Fernando Antônio de Abreu e Silva. O nome de Porto Capela, deve-se ao fato de ter havido um porto em frente a esta charqueada: porto Dornelles. O nome Capela refere-se a primeira capela de Charqueadas dedicada a Santo Antonio, que levou sete anos para ser construída e que foi inaugurada em 28/04/1912.”
 Poucas pessoas na Região Carbonífera conhecem o lugar, que fica em uma área entre o Rio Jacuí e a empresa GKN. O Sítio Porto Capela é uma propriedade privada e foi uma das 13 charqueadas existentes na cidade. Recentemente, o local passou por uma cuidadosa restauração.
O tombamento do Porto Capela como RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural) foi reconhecido em agosto de 1995. No local, ainda, existe a casa branca, que foi sede da fazenda de charqueadores.

- A restauração da capela do Sitío Porto Capela foi um marco para preservar a história de Charqueadas. É o único local da cidade tombado como RPPN pelo IBAMA. Das 13 Charqueadas que existiram, o Porto Capela foi a única que restou. No intercâmbio Brasil/Chile que realizamos no ano passado, produzimos um vídeo sobre a visita dos alunos, que acharam o lugar muito bonito – conta o professor de História  José Edimilson Machado Kober.


Também chamada de charqueada de número seis.
CHARQUEADA DE JOÃO DA COSTA



“Os prováveis herdeiros de João da Costa foram dois caixeiros viajantes: Ballvê e Rahbe. Hoje o local denomina-se Sitio Sobradinho, provável  homenagem ao sobrado que ainda se localiza lá, que foi a sede desta charqueada.”
Esta área atualmente pertence ao Senhor Ilo Lopes Teixeira, que converteu o local em sitio de lazer e um local de pesca “pesque e pague”. Perto dos lagos pode-se ainda hoje encontrar restos de ossos. Ao lado de um dos lagos encontramos sinais evidentes de farinha de ossos, no local onde aconteceu um aterro para facilitar o acesso ao lago”.

O SOBRADINHO

Localizado na Vila Santo Antônio o senhor Evalino  Coelho . Na década de 1920 o casal foi morar com seus 6 filhos no sobradinho mas dividiam o espaço com outras famílias na época não tinha janelas nem portas eram feitas cortinas de lençóis velhos. O senhor Evalino coelho trabalhava na ilha fazendo plantação e ali casou uma das filhas ao 27 anos. Nair coelho casou e foi morar no centro de Charqueadas e lá ficou alguns anos e acabou voltando para o sobradinho.  Seu Osmar Machado começou a trabalhar na plantação na ilha e ao atravessar o rio com sua filha e outro senhor acabou virando o barco e o senhor Osmar acabou falecendo e alguns anos após seus pais também faleceram e a dona Nair coelho com seus filhos abandonaram o Sobradinho.

 Mas na época o dono do sobradinho ainda existiam e eles arrendou para dona Morena link ao passar o tempo dona Morena link ficou viúva e saiu do sobrado já nesta época o dono morreu e os filhos continuou arrendando com o passar do tempo os herdeiros sumiram e o seu Ilo tomou conta ao passar do tempo a prefeitura tomou conta de uma parte e seu Ilo fez uso capeão e tornou-se dono de parte das terras e fez um pesque e pague, campo de futebol. e cuida de animais cobrando taxas para manter os animais .
  Mas o sobradinho continua em estado de calamidade não fizeram reforma alguma e dona Nair está com 84 Anos e com muita saúde e consciente relembra toda sua passagem pelo Sobradinho. 
  
Charqueada de número 7 de Francisco Borges


Esta charqueada localizou-se no coração da vila Santo Antônio, povoado que existe uns 30 anos, de acordo com a professora Maria Gladis Beux. O Senhor Cidislau Pires conta que, uns 30 anos passados a UFRGS recolheu nesta antiga charqueada vários restos de ossos do gado ai abatido. Um dos moradores mais antigos desta área foi Artur Dornelles, avô do Dr. Jairo Dornelles. A escola é uma homenagem a este morador antigo. Na opinião de Mário Antônio Dornelles, o proprietário Artur Dornelles tinha uns 80 escravos e que por lá existiu uma senzala.
Por este motivo acredita-se que existiram em média 80 escravos em cada uma das 13 charqueadas.

Charqueada de número 8 – de Chico Leão


O nome deste charqueador é Francisco Leão, irmão do Cel. Manoel Leão, o qual também foi vítima da emboscada de 18/09/1839, na qual morreram várias outras pessoas.
Este estabelecimento saladeiril é a terceira charqueada que pertenceu a família Leão e que se localizava depois da vila Santo Antônio, no terreno hoje do grupo Gerdau. Jocelim Araújo (Joça) afirma que atrás da Gerdau havia um túnel, perto do rio Jacuí. O casal Araújo (Jocelim e Elizete) tinham um avô paterno – José Bento de Araújo que trabalhou nas charqueadas.



Charqueada de número 9 de Dona Maria Guedes
A charqueada pertenceu a Da. Maria Guedes, também ficava em área do atual grupo Gerdau. Cidislau Antônio Pires diz que toda área da Piratini era uma fazenda, portanto, própria para a localização de uma charqueada. É evidente que as charqueadas ficavam o mais próximo do rio Jacuí, dependendo do terreno ser mais baixo ou mais alto.


Charqueada de número 10 de Dona Senhorinha
A charqueada de número 10 ficava logo depois da Gerdau, em área da COPELMI. Conforme Joça, também atrás da área de COPELMI houve um túnel com portão de ferro no meio. No rio Jacuí tinha uma ilha com o nome Senhorinha, justa homenagem a esta charqueadora.

Charqueada de número 11 do Cel. Manoel dos Santos
Também está charqueada deve ter ficado em área pertencente a COPELMI já mais perto do antigo porto Mauá, onde a partir de 1890 a Companhia Estrada de Ferro e Minas São Jerônimo começou a construir seu porto.
Joça afirma que atrás da COPELMI existiu um casarão, provável sede desta charqueada.

Charqueada de número 12 de Maia

Esta charqueada tinha o nome de Maia, pertencendo a esta família. Localiza-se no espaço onde ficava o antigo cinema e o prédio famoso, visto por A. Isabelle em 1834. Foi a partir desta área que surgiu o povoado que dará origem ao atual centro de Charqueadas. Havia também um porto por lá.
Este casarão deve ter sido a sede desta charqueada. O prédio ficava na atual rua Ricardo Louzada e ruiu no início deste século, após ter sido habitado por vários moradores, na opinião de Ester Gonzales de Souza, moradora do local, afirma que o casarão era feito de pedra, barro e tijolos bem grandes e a parede tinha um metro de grossura. Ester Gonzales conta que foi encontrado um tesouro na escada dos fundos.

Charqueada de número 13 de Dona Antônia
O nome completo desta proprietária é Da. Antônia Luiza de Lima, que foi a terceira mulher dona destas antigas charqueadas. Esta última charqueada, antes do Arroio Leão, ficava no entorno do Estádio Municipal. A sede deste estabelecimento de charque ficava no sítio de Júlia Sieben, pertencendo hoje a sobrinha de Júlia, Cecita Sieben.
O sitio mencionado fica em frente ao CTG Raízes da Tradição. Pelo depoimento de alguns moradores da redondeza foram encontrados ossos de animais, por ocasião da terraplanagem do estádio. Popularmente esta charqueada, tinha o nome de Arranca Toco. Esta foi a última das 13 antigas charqueadas.
 O homem é sujeito da história, faz, transforma, constrói e reconstrói fatos. Faz- se muito importante conhecer o passado, entender o presente e preparar o futuro.
Não vivemos de passado, mas necessitamos do seu legado. Do charque à indústria, quantos sobreviveram para contar esta história de longa data?


Parabéns aos charqueadores do passado e aos charqueadenses do presente.
  
Professor José Edimilson Kober e seus alunos das Escolas
I.E.E. Assis Chateaubriand e Escola Municipal de Ensino Fundamental Pio XII.





Comentários

  1. Parabéns pelo blog https://charqueadashistoria.blogspot.com/ ele é muito bom!

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  2. Muito Bom, ainda bem que alguém se importa com esses estudos, antes que tudo se perca.

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  3. Quer saber sobre o Voz Ativa entra no link abaixo https://charqueadashistoria.blogspot.com/2020/04/voz-ativa-assim-comecou.html

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