Por volta de 1774. O pioneiro na fabricação do charque foi o capitão
Francisco Correia Sarafana, um fazendeiro em Arroio dos Ratos. Mais adiante, o
coronel José Manoel de Leão adquiriu terras (provavelmente do capitão Sarafana)
dando continuidade à produção Saladeiril (nome dado à exploração das
charqueadas), mantendo escravos no trabalho de salga da carne. Sabe-se que das
13 charqueadas que existiram no município, quatro pertenceram à família Leão.
O professor Benedito Veit exibe na capa do seu livro um mapa localizando as
charqueadas. “Por que Charqueadas”?
“O nome completo deste charqueador era, Manoel Faustino José Martins.
Além da charqueada, ele tinha uma olaria. Era capitão e morava nesta área.
Nesta charqueada, mais tarde, será construída a Charqueada Meridional,
localizada na margem esquerda do Arroio dos Ratos. No Jacuí tinha uma ilha com
o nome de Manoel Faustino, em sua homenagem.”
Ramiro Fortes Barcelos
“A charqueada Meridional foi construída na confluência do Arroio dos
Ratos com o rio Jacuí no início do século XX, no local onde anteriormente
estava a charqueada do capitão Manoel Faustino. O principal donatário foi F. de
Barcelos, associado com o Cel. Júlio Rebelo.”
“Cidislau afirma que as paredes do casarão tinham um metro de grossura e
era feito de tijolos, taquaras e barro. Este prédio serviu também de escola por
algum tempo, tendo como um dos seus alunos Hipólito Alves dos Santos (73 anos),
pai da professora Solange Payhan, professora da Escola Ramiro Barcelos. Por
volta de 1979 procurou-se transformar este casarão em Museu das Charqueadas.
Após a falência do Meridional, passou para um banco, e o resto
passou para o Estado. Em 1908, lá foi criado um posto Zootécnico e depois
transformado em hospício para insanos. Durante o Estado Novo tornou-se
Penitenciária Agrícola e mais tarde Colônia Penal Agrícola Gal. Daltro Filho.
... No início da década de 1970 a Col. Penal Agrícola virou na atual
Penitenciária do Jacuí (PEJ).”
Charqueada
número 2 de
Jerônimo Poeta
“Provavelmente esta
área (logo depois da primeira charqueada) foi adquirida por Francelina Bueno de
Paula, que é avó da família Pires. Francelina faleceu com mais de 100 anos, já
faz uns 140 anos. Ela portanto, foi testemunha da existência das antigas charqueadas
de acordo com Cidislau Antônio Pires. Por lá existiu um velho casarão. Esta
charqueada começava com a atual rua Costa e Silva.”
Arvore Genealógica da família Poeta, emprestada pela professora Eliane Poeta, nela consta em primeiro o nome de Jerônimo Poeta, mais adiante da Jornalista da Rede Globo Patrícia Poeta.
Dona Francelina Bueno de Paula com o pai da aluna Márcia. Charqueada número dois. Fotos da aluna Marcia curso normal.
“O Cel. José Manoel de Leão é natural
de Laguna (SC) tendo se mudado para Triunfo, onde chegou a ser comandante da
Legião da Guarda Nacional; eleito vereador por duas vezes, no primeiro
quadriênio em 1832 e também na segunda eleição em 1836. Foi fazendeiro e
charqueador, no atual município de Charqueadas, morreu na madrugada de 18/09/1839,
na sua charqueada, vítima de uma emboscada. Ele é pai de José Joaquim de Campos
Leão “Qorpo Santo””.
Entrevistada: Eliane Leão
A família da professora Eliane Leão veio de Portugal e se espalhou pelo Rio Grande do Sul. As gerações seguintes descenderam também dos bugres. Ela teve 23 tios e todos se criaram no Porto do Conde. A família trabalhava no serviço federal, militar ou eram comerciantes. Seus pais trabalhavam na Copelmi. Ela só teve uma irmã. E todos continuaram morando em Charqueadas, porque nasceram e se criaram aqui.
Trabalho realizado pelos alunos Cristóvão Belzareno dos Santos Rosa e Daniel dos Santos Pinheiro. Turma 71/2008.
Com
relação a charqueada de número 4 de Juca Leão
“Esta ficava ao lado da charqueada
de Manoel Leão, no local onde fica o sítio Figueiras. Tem no local várias
figueiras bem antigas. Conforme depoimento do Dr. Fernando Antônio Abreu,
existiu um casarão, as margens do Jacuí que se localizava na área da mencionada
charqueada. Hoje está área pertence ao Dr. José de Araújo Dornelles.
Acredita-se que estes dois irmãos, Manoel e Juca, formaram a antiga chácara
Leão, existente nesta área das duas charqueadas geminadas”.
CAPELA DE SANTO ANTÔNIO
Marco Histórico de
Charqueadas.
Liandro Lindner
A Capela de Santo Antônio foi construída em 1912,
nas proximidades da Penitenciária do Jacuí em Charqueadas. A iniciativa partiu
da Sra. Sílvia Dorneles, que arrecadou doações dos moradores da localidade, e o
terreno foi doado pelos antigos proprietários daquelas terras, seus parentes.
Com o passar dos anos, e a inauguração de outra
capela mais central e ampla, (atual Igreja Matriz) a antiga capela de Santo
Antônio não resistiu a ação do tempo e começou a ruir.
Segundo nos conta Saldino Pires, autor da
Monografia de Charqueadas, “em meados de 1960, Rony Ficher Dorneles, iniciou
uma campanha de arrecadação de fundo para reerguê-la. Um ano depois, estava
toda reconstruída, voltando a ser frequentada novamente por seus devotos.
Poucos anos durou porque se “devoto maior” reconstrutor e zelador, mudou-se
para São Jerônimo e a capelinha ficou abandonada, e mais tarde arrombada,
saqueada e destruída”. Atualmente, restam algumas paredes e seus grandes e
velhos coqueiros, que imponentes assistiram o início da história desta cidade e
as transformações que aconteceram desde então.
O tombamento do Porto
Capela como RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural) foi reconhecido em
agosto de 1995. No local, ainda, existe a casa branca, que foi sede da fazenda
de charqueadores.
- A restauração da capela
do Sitío Porto Capela foi um marco para preservar a história de Charqueadas. É
o único local da cidade tombado como RPPN pelo IBAMA. Das 13 Charqueadas
que existiram, o Porto Capela foi a única que restou. No intercâmbio
Brasil/Chile que realizamos no ano passado, produzimos um vídeo sobre a
visita dos alunos, que acharam o lugar muito bonito – conta o professor de
História José Edimilson Machado Kober.
Também chamada de charqueada de
número seis.
CHARQUEADA DE JOÃO DA COSTA
“Os prováveis herdeiros de João da
Costa foram dois caixeiros viajantes: Ballvê e Rahbe. Hoje o local denomina-se Sitio Sobradinho, provável
homenagem ao sobrado que ainda se localiza lá, que foi a sede desta
charqueada.”
Esta área atualmente pertence ao
Senhor Ilo Lopes Teixeira, que converteu o local em sitio de lazer e um local
de pesca “pesque e pague”. Perto dos lagos pode-se ainda hoje encontrar restos
de ossos. Ao lado de um dos lagos encontramos sinais evidentes de farinha de
ossos, no local onde aconteceu um aterro para facilitar o acesso ao lago”.
O SOBRADINHO
Localizado na Vila Santo Antônio o
senhor Evalino Coelho . Na
década de 1920 o casal foi morar com seus 6 filhos no sobradinho mas
dividiam o espaço com outras famílias na época não tinha janelas nem
portas eram feitas cortinas de lençóis velhos. O senhor Evalino coelho
trabalhava na ilha fazendo plantação e ali casou uma das filhas ao 27 anos.
Nair coelho casou e foi morar no centro de Charqueadas e lá ficou alguns
anos e acabou voltando para o sobradinho. Seu Osmar Machado começou a trabalhar na
plantação na ilha e ao atravessar o rio com sua filha e outro senhor acabou
virando o barco e o senhor Osmar acabou falecendo e alguns anos após seus pais
também faleceram e a dona Nair coelho com seus filhos abandonaram
o Sobradinho.
Charqueada de número 7 de Francisco Borges
Esta charqueada localizou-se no
coração da vila Santo Antônio, povoado que existe uns 30 anos, de acordo com a professora Maria Gladis Beux. O Senhor
Cidislau Pires conta que, uns 30 anos passados a UFRGS recolheu nesta antiga
charqueada vários restos de ossos do gado ai abatido. Um dos moradores mais
antigos desta área foi Artur Dornelles, avô do Dr. Jairo Dornelles. A escola é
uma homenagem a este morador antigo. Na opinião de Mário Antônio Dornelles, o
proprietário Artur Dornelles tinha uns 80 escravos e que por lá existiu uma
senzala.
Por este motivo acredita-se que existiram
em média 80 escravos em cada uma das 13 charqueadas.
Charqueada
de número 8 – de Chico Leão
O nome deste charqueador é Francisco Leão, irmão do Cel. Manoel
Leão, o qual também foi vítima da emboscada de 18/09/1839, na qual morreram
várias outras pessoas.
Este estabelecimento saladeiril é a
terceira charqueada que pertenceu a família Leão e que se localizava depois da
vila Santo Antônio, no terreno hoje do grupo Gerdau. Jocelim Araújo (Joça)
afirma que atrás da Gerdau havia um túnel, perto do rio Jacuí. O casal Araújo
(Jocelim e Elizete) tinham um avô paterno – José Bento de Araújo que trabalhou
nas charqueadas.
Charqueada
de número 9 de Dona Maria Guedes
A charqueada pertenceu a Da. Maria Guedes, também ficava em
área do atual grupo Gerdau. Cidislau
Antônio Pires diz que toda área da Piratini era uma fazenda, portanto, própria
para a localização de uma charqueada. É evidente que as charqueadas ficavam o
mais próximo do rio Jacuí, dependendo do terreno ser mais baixo ou mais alto.
Charqueada
de número 10 de Dona Senhorinha
A charqueada de número 10 ficava logo depois da Gerdau, em área da COPELMI. Conforme Joça, também atrás
da área de COPELMI houve um túnel com portão de ferro no meio. No rio Jacuí
tinha uma ilha com o nome Senhorinha, justa homenagem a esta charqueadora.
Charqueada
de número 11 do Cel. Manoel dos Santos
Também está charqueada deve ter
ficado em área pertencente a COPELMI já mais perto do antigo porto Mauá, onde a partir de 1890 a Companhia Estrada de
Ferro e Minas São Jerônimo começou a construir seu porto.
Joça afirma que atrás da COPELMI
existiu um casarão, provável sede desta charqueada.
Charqueada de número 12 de
Maia
Esta charqueada tinha o nome de Maia, pertencendo a
esta família. Localiza-se no espaço onde
ficava o antigo cinema e o prédio famoso, visto por A. Isabelle em 1834.
Foi a partir desta área que surgiu o povoado que dará origem ao atual centro de
Charqueadas. Havia também um porto por lá.
Este casarão deve ter sido a sede
desta charqueada. O prédio ficava na atual rua Ricardo Louzada e ruiu no início
deste século, após ter sido habitado por vários moradores, na opinião de Ester
Gonzales de Souza, moradora do local, afirma que o casarão era feito de pedra,
barro e tijolos bem grandes e a parede tinha um metro de grossura. Ester
Gonzales conta que foi encontrado um tesouro na escada dos fundos.
Charqueada
de número 13 de Dona Antônia
O nome completo desta proprietária é Da. Antônia Luiza de Lima, que foi a
terceira mulher dona destas antigas charqueadas. Esta última charqueada, antes do Arroio Leão, ficava no entorno
do Estádio Municipal. A sede deste estabelecimento de charque ficava no sítio
de Júlia Sieben, pertencendo hoje a sobrinha de Júlia, Cecita Sieben.
O sitio mencionado fica em frente ao CTG Raízes da Tradição.
Pelo depoimento de alguns moradores da redondeza foram encontrados ossos de
animais, por ocasião da terraplanagem do estádio. Popularmente esta charqueada,
tinha o nome de Arranca Toco. Esta foi a última das 13 antigas charqueadas.
Não vivemos de passado, mas
necessitamos do seu legado. Do charque à indústria, quantos sobreviveram para
contar esta história de longa data?
Parabéns aos charqueadores do passado
e aos charqueadenses do presente.
Professor José Edimilson Kober e seus alunos das Escolas
I.E.E. Assis Chateaubriand e Escola Municipal de Ensino Fundamental Pio XII.
Professor José Edimilson Kober e seus alunos das Escolas
I.E.E. Assis Chateaubriand e Escola Municipal de Ensino Fundamental Pio XII.
Parabéns pelo blog https://charqueadashistoria.blogspot.com/ ele é muito bom!
ResponderExcluirMuito Bom, ainda bem que alguém se importa com esses estudos, antes que tudo se perca.
ResponderExcluirQuer saber sobre o Voz Ativa entra no link abaixo https://charqueadashistoria.blogspot.com/2020/04/voz-ativa-assim-comecou.html
ResponderExcluir